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ECONOMIA - Economia global já dá sinais de desaceleração



A economia mundial dá sinais de desaceleração neste terceiro trimestre, o que pode marcar o fim do período de dois anos de expansão mais forte. "Não é uma recessão, apenas o vento vai bater um pouco mais devagar", diz Vagner Ardeo, economista da Fundação Getúlio Vargas. "Mas a mudança pode causar problemas ao Brasil."

Vice-diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Ardeo é especialista em ciclos econômicos. Ele teme, em particular, a vulnerabilidade de economias como Turquia e África do Sul, que podem contagiar outros emergentes, inclusive Brasil.

Os dados da World Economic Survey de julho mostram que, pela primeira vez desde 2011, mais de 50% dos países na pesquisa esperam que o trimestre seguinte seja de desaceleração econômica. Entre as causas disso, Ardeo destaca a perspectiva de retirada dos estímulos monetários em economias avançadas e a guerra comercial desencadeada pelos EUA.

Ele atualizou para o Valor o panorama das economias mundiais, às vésperas da conferência do Ciret (sigla representa um organismo internacional de pesquisa de tendências econômicas), o principal fórum internacional para pesquisadores sobre ciclos econômicos, que ocorre de quarta-feira a sexta-feira na FGV, no Rio.

Ardeo fez um mapa do estágio no ciclo econômico das principais economias desenvolvidas e emergentes. Só seis países (com destaque para Brasil, África do Sul, Colômbia e Reino Unido) estão operando com capacidade ociosa. Onze estão superaquecidos, entre eles os EUA e a zona do euro. Apenas dois países - Reino Unido e México - tiveram aumento no grau de ociosidade entre o segundo trimestre de 2017 e o de 2018.

Segundo Ardeo, esse quadro confirma a avaliação hoje corrente de que terá continuidade o processo de retirada de estímulos pelos bancos centrais dos países desenvolvidos. "A retirada, porém, será cautelosa", pondera. Os BCs estão cientes de que, no caso de uma nova recessão, terão menos  instrumentos para estimular as economias. Os juros nominais estão historicamente baixos, e o espaço fiscal é limitado. Ainda assim, a retirada de estímulos está afetando e deve continuar a afetar economias emergentes mais vulneráveis.

"O Brasil não tem uma vulnerabilidade externa", diz Ardeo, lembrando indicadores externos positivos como volume de reservas internacionais, a posição de credor externo líquido e o baixo déficit em conta corrente. "O que há é o risco de contágio a partir de outras economias emergentes, e o quadro fiscal complicado num período de eleições presidenciais."

Exercícios feitos pelo Ibre/FGV mostram que, por ora, o grosso da alta do dólar se deve mais a fatores ligados à economia global. Esse quadro externo tende a afetar o Brasil em duas dimensões das suas contas externas. De um lado, a retirada de estímulos monetários reduz o fluxo de capitais ao Brasil; de outro, a perspectiva de desaceleração no crescimento mundial tende a reduzir a demanda pelas exportações brasileiras.

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Fonte: Valor Contábil

 
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