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ECONOMIA - Risco Brasil recua desde o discurso do FED sobre aumento dos juros nos EUA



O risco dos países emergentes – entre eles, o do Brasil – recuou desde o comunicado do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que elevou as taxas de juros nos Estados Unidos para o intervalo entre 2% e 2,25% ao ano.

O índice do seguro de crédito Credit Default Swap (CDS) de 5 anos relativo ao Brasil marcou 266,5 pontos ontem, depois ter alcançado 310 pontos em agosto. Pela metodologia do JP Morgan, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o risco Brasil EMBI+ que estava em 345 pontos no final de agosto caiu 54 pontos, para 291 pontos em 29 de setembro último.

Nesse ambiente, o dólar voltou a cair ontem e fechou em baixa de 0,52%, a R$ 4,029 no balcão. “O discurso do Fed melhorou um pouco do risco para os países emergentes. E o mercado externo agora já possui uma visão mais moderada sobre o resultado da eleição no Brasil, de continuidade das reformas”, argumentou o economista sênior do Banco MUFG Brasil, Carlos Pedroso.

Para o especialista em ações da Levante Investimentos, Eduardo Guimarães, a percepção de risco sobre os emergentes ficou mais comportada no mundo todo. “O risco Brasil tinha subido de forma exagerada antes, cerca de 100 pontos, e essa queda de 50 pontos em setembro, deixa-o num patamar mais razoável. O dólar que chegou aos R$ 4,20 caiu para R$ 4,02 – num ambiente mais favorável”, diz o especialista.

Para o economista da Guide Investimentos, Victor Candido, os estrangeiros esperavam um discurso mais duro do Fed na semana passada, mas a percepção é de que alta dos juros nos Estados Unidos será menor do que se imaginava antes. “A projeção para o futuro era de juro de 3,5%, isso mudou para uma expectativa de 3,375% ao ano, sinalização que favoreceu os emergentes”, diz.

Na avaliação de Candido, 95% da influência sobre o câmbio está relacionada aos fatores internacionais e apenas 5% às questões domésticas. “Historicamente sempre foi assim. Os fatores internos sempre pesaram menos na definição do risco-País e do câmbio”, afirmou o economista.

Como contraponto dessa percepção mais positiva dos estrangeiros sobre o Brasil, o economista-chefe da Spinelli Corretora, André Perfeito, ainda aponta a possibilidade de elevação do risco-País com o cenário político eleitoral. “Uma vitória do Fernando Haddad (PT) no segundo turno não tem como pacificar, o País ainda vai ficar conflituado [politicamente]”, comentou.

Já Victor Candido aponta que o candidato da esquerda tende a fazer uma movimentação para o centro no segundo turno para cativar mais eleitores. “Não saberia dizer se isso será suficiente para o mercado ficar mais satisfeito”, ponderou o economista da Guide.

Mas ele lembra que nossa economia é bastante resistente aos choques externos. “Apesar do problema fiscal, a inflação está controlada, e 97% do endividamento do governo está em moeda nacional”, observa.

Em termos mais práticos, Eduardo Guimarães explicou que um aumento do risco-Brasil eleva o custo de capital das empresas, ao passo, que uma baixa desse indicador beneficia a captação de recursos no externo. “O viés é de alta para o risco-País por causa das eleições”, disse o especialista.

Comparação global

Mesmo com incertezas eleitorais no radar, vale citar que o risco-Brasil mostra-se abaixo de algumas outras economias emergentes que enfrentam dificuldades nas contas externas.

Pelo critério do CDS, a Venezuela lidera por causa da hiper inflação (72.150,2 pontos), enquanto a Turquia registra 382,41 pontos; seguido pela Grécia com 379,5 pontos e o Egito com 365 pontos. “Turquia e Argentina começaram a dar sinais mais positivos”, citou Victor Candido, da Guide, sobre as crises cambiais mais comentadas nos mercados.

O Brasil com 266,5 pontos aparece em situação pior que a Itália (221,5 pontos), México (178 pontos), Rússia (141,37 pontos) e Indonésia (129,04 pontos), Espanha (64,87 pontos) e Portugal (63,21 pontos).

Fonte: DCI

 
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