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TECNOLOGIA - A tecnologia pode nos ajudar a mudar de comportamento?



O tempo todo deixamos de fazer o que é melhor para nós. Não apenas nas decisões de consumo ou poupar dinheiro ou mesmo perder saúde. Quando se trata de saúde, os riscos são maiores, de vida, e muitas pessoas não conseguem se ajudar cumprindo um programa de exercícios e fazendo dieta.

Alguns pacientes com diabetes, por exemplo, não medem a taxa de glicose no sangue diariamente. Ou são os hipertensos que não querem saber de acompanhar a pressão. Um número crescente deles acaba agravando problemas de saúde que poderiam ser evitados.

Como a ecomomia comportamental poderia ser usada para mudar isso?

É a ideia de novas “tecnologias persuasivas” que têm surgido. Em linhas gerais, são dispositivos, sites, plataformas e aplicativos criados para mudar as atitudes e comportamentos interagindo com seus usuários para levá-los a um comportamento mais saudável.

E muitas plataformas se inspiram na economia e na psicologia comportamental. É o caso do MyHeart, um aplicativo adotado pela Clínica da Coração da Loma Linda University Health, um centro clínico e acadêmico que administra hospitais e clínicas nos Estados unidos.

Quando um paciente cardíaco deixa uma das unidades, leva um aparelho de pressão, uma balança, um medidor de açúcar no sangue e um contador de passos diários, que enviam informações via bluetooth para o MyHeart, instalado no celular. Quando a pessoa faz os exames em casa, o médico acessa os dados.

Essa coleta de informações permite monitorar todos os dias a saúde dos pacientes, podendo tratar os riscos antes de uma crise. Mas o aplicativo não faz só isso, também tenta ajudar os usuários a entrarem na linha. Para isso, envia mensagens motivacionais todos os dias.

A ideia de um empurrãozinho é uma das mais notórias da economia comportamental. Embora seja da área de design e tecnologia, Samir Chatterjee, o criador do app, se inspirou em teorias como a da contra-argumentação (uma mensagem que já responde aos argumentos contrários a ela é mais eficiente) e do comportamento planejado (é possível alguém planejar se comportar de determinada maneira e realmente se comportar).

Imagine que uma pessoa é obesa, mas adora refrigerante normal, rico em açúcar. A teoria da contra-argumentação diz que não adianta chegar para ele e dizer: “Não beba refrigerante normal”. Em vez disso, o app fornece uma alternativa: “Beba muita água vitaminada”.

Apresentar a informação desta maneira tem o poder de aumentar a motivação e a capacidade de seguir metas, Chatterjee escreveu em um artigo recente no site The Conversation. O IDEA Lab, ligado à Universidade de Claremont e do qual ele faz parte, tem sido responsável por várias plataformas que, assim como o MyHeart, fazem uso da ciência comportamental para ajudar as pessoas.

“Gatilhos”, acreditam os pesquisadores envolvidos nesses projetos, podem levar à mudança de comportamento. Mas, apesar dos bons resultados, mesmo o MyHeart passou a enfrentar um problema: as pessoas só mudavam de hábitos por um tempo. Algumas semanas ou meses, acabavam abandonando depois o monitoramento.

Como resposta, os pesquisadores estão trabalhando com o apoio de outros usuários para que os pacientes consigam forças para continuar cuidando da saúde. Para isso, as mensagens devem se tornar mais efetivas.

Já é documentado que os pequenos empurrões funcionam com as políticas públicas e para controlar nossos impulsos de consumo. A experiência do Myheart e de outras plataformas, que em breve devem estar disponíveis também aqui no Brasil, demonstra que as contribuições podem ir muito mais longe.

Fonte: G1

 
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