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CARREIRA - Carreira contábil: um relato de sucesso



O mercado de trabalho é dinâmico e apresenta-se imerso em um processo de contínuas mudanças e renovações. Algumas profissões que estavam em alta há dez anos podem não ser mais tão interessantes. Por outro lado, uma formação que há alguns anos nem existia no roll de cursos oferecidos pelas universidades pode estar em trajetória ascendente.

A mudança nos rumos da economia global e nacional tem gerado um impacto direto na empregabilidade de diversas áreas profissionais. No entanto, algo interessante de se constatar é que, independentemente dessas variações, muitas profissões têm se mantido no topo nos últimos anos, com alta empregabilidade e novas oportunidades. A Contabilidade está entre essas formações, que são sempre muito requisitadas, seja em tempo de bonança ou em tempo de crise.

Feitas essas considerações, passo agora a relatar um pouco de minha experiência de vida e minha história na carreira contábil, com o intuito de que essas palavras sirvam de motivação para jovens contadores e, também, para aqueles jovens que estão em fase de decidir quanto à profissão que irão seguir.

Sou filho de Colombo Faraco e Aldaney Peixoto Faraco. Tenho três irmãos, Silvio, Selma e Suely e, entre eles, sou o único formado em um curso superior. Sempre estudei em escola pública, inclusive as Ciências Contábeis –  cursei na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Após me formar, fiz pós-graduação em Auditoria nessa mesma Universidade. Posteriormente, me formei em Direto pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Além disso, cursei Gestão Empresarial, formação que me fez enxergar com outros olhos o empreendedorismo. No momento, estou cursando pós-graduação em Direito Tributário. A meu ver, é fundamental nos mantermos ativos nos estudos, sempre buscando novos conhecimentos e atualizações. Não podemos parar! Acredito que foi a minha determinação em crescer na vida que me fez decidir pela Universidade, pois minha família era muito humilde e não tive muitos meios ou incentivos, a não ser a vontade e a força interior.

Comecei a trabalhar aos 13 anos, com meu pai. Minha mãe costurava para fora e fazia picolé, ajudando, assim, no sustento da família. Dos 12 aos 15 anos, estudei na Escola Técnica Federal, tendo que morar com a minha bisavó. Voltava para a casa dos meus pais somente aos finais de semana. Minha família morava em um imóvel modesto, cedido por uma madrinha. Com a morte de meu pai, aos 51 anos, a situação se agravou. Eu entregava todo o meu salário à minha mãe para ajudar nas despesas. Neste período, eu estava cursando a terceira fase de Ciências Contábeis e, apesar de trabalhar e ter meu salário, para economizar e por conta das despesas de casa, minha mãe só me dava o dinheiro do ônibus.

Abordando a parte profissional, depois de trabalhar com meu pai nos finais de semana e feriados, consegui um emprego no Departamento de Estradas e Rodagem (DER), onde fiquei sete anos ganhando um pouco mais de um salário mínimo.Posteriormente, fui trabalhar na Texaco Brasil S/A – Produtos de Petróleo a convite de um colega que tinha trabalhado comigo no DER. Essa última experiência foi uma verdadeira escola para mim. Lembro-me que, antes de começar a trabalhar, fiquei um mês estudando os manuais da empresa à qual dedicaria os dois anos seguintes de minha vida.

Como eu já havia planejado a minha vida após a formatura, que foi no dia 17 de dezembro de 1976, em janeiro do ano seguinte montei meu escritório de contabilidade, tendo a minha mãe como secretária, um office boy e, como primeiros clientes, alguns postos de gasolina. Naquela época, o telefone do escritório era a extensão de linha telefônica da sala ao lado, que era da locatária do imóvel.

Quando começamos um empreendimento, precisamos nos dedicar muito, trabalhar muitas horas, alguns finais de semana e, inclusive, noites a fio. Com muita perseverança e trabalho duro, hoje meu escritório de contabilidade possui 30 funcionários e mais de 200 empresas clientes. Ao longo do tempo, procuramos fazer um escritório diferente, focado na gestão do cliente. Assim, investimos muito em capacitação dos funcionários, por meio de cursos, tendo sempre como premissa o atendimento de excelência.

Quanto à trajetória no sistema contábil, iniciei como conselheiro suplente no Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catariana (CRCSC), vindo a me tornar posteriormente conselheiro titular. Fui presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis, Assessoramento, Consultoria, Perícias, Informações e Pesquisas de Florianópolis (Sescon). Essa foi uma época difícil, em que cotizávamos dinheiro entre os sócios para pagar o aluguel da sala, os empregados e demais despesas da entidade. Éramos e somos verdadeiros abnegados em prol da classe contábil. Fui ainda presidente da Federação dos Contabilistas do Estado de Santa Catarina (Fecontesc), conselheiro do Conselho de Contribuintes da Prefeitura de Florianópolis e conselheiro do Conselho do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Particularmente no Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina (CRCSC) exerci várias atividades nas vice-presidências antes de chegar à Presidência, onde estive por quatro mandatos. Tivemos o privilégio de, no primeiro mandato, implantar o Programa de Educação Profissional Continuada (1996). Conseguimos fazer convênios com a Secretária da Fazenda, Junta Comercial do Estado e Tribunal de Contas do Estado, que persistem até hoje. Compramos o terreno e demos início à construção da atual sede. Hoje nossa sede é exemplo aos demais estados da Federação.

Após cumprir meu mandado no CRCSC, fui escolhido para representar o meu estado no Plenário do CFC onde ocupei a Vice-Presidência de Administração na gestão do colega Alcedino Gomes Barbosa. Na sequência, atendendo a um pedido do amigo José Martonio Alves Coelho, a quem agradeço pelos seus ensinamentos, ocupei a Vice-Presidência de Registro e Fiscalização. Fui o primeiro contador de Santa Catarina a participar de uma Diretoria do CFC, fato que muito me orgulha.

Em 2008, atendendo ao chamando da classe contábil catarinense, retornei ao CRCSC para ser presidente mais uma vez. Nesta gestão, criamos o curso “Contabilizando com Direito”, que tinha duração de seis meses. A intenção era mostrar aos colegas de profissão a importância de ter conhecimento do Direito brasileiro, pois, a meu ver, os conhecimentos contábeis e de direito são complementares e se enriquecem. É importante salientar que, nas oportunidades que estive à frente do CRCSC, foram confeccionados quinze livros no total, que foram distribuídos aos profissionais da contabilidade. Isso sem contar os vários cursos e palestras que foram ofertados.

Por fim, posso salientar que lutei, trabalhei e estudei muito para chegar aonde cheguei e, para mim, as melhores das qualidades que o ser humano pode cultivar são humildade e simplicidade acima de tudo. Algo de que me orgulho e sinto gratidão todos os dias é da educação que recebi de meus pais e de minha bisavó. Assim, convicto, posso afirmar que a educação, aliada à vontade de crescer e de me superar, foram fatores determinantes para que eu alcançasse êxito na carreira profissional. Como destaca sabiamente Jeremy Kitson, “o destino não é obra do acaso, é uma questão de escolha. Não é algo a ser aguardado, é algo a ser conquistado.”.

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