Menu

ECONOMIA - Como investir para conquistar o primeiro milhão (de verdade)



Virar milionário e ter uma vida livre de preocupações financeiras é quase um fetiche para boa parte dos brasileiros. Sete mil conseguiram, em 2017, juntar-se ao seleto grupo composto por 171,5 mil endinheirados no país com essa cifra, ou bem mais, na conta bancária, de acordo com relatório sobre riqueza mundial da consultoria Capgemini.

Mas será que é tão fácil assim chegar a essa cifra? Segundo a jovem Bettina Rudolph, sim. Quem não se deparou com vídeos da garota de 22 anos, que afirma ter ficado milionária em três anos com um investimento inicial de R$ 1.520 na bolsa, esteve fora do planeta Terra ou, pelo menos da internet, na última semana.

Exageros à parte, a redatora das campanhas de venda dos relatórios da Empiricus Research (que se apresenta como site de conteúdo financeiro e tem estratégia de marketing bastante agressiva) virou celebridade, e depois meme, com seus onipresentes -e insistentes -anúncios apregoando como acumulou esse patrimônio tão rápido. 

O vídeo provocou a reação de especialistas em finanças, como Samy Dana, professor da FGV e comentarista da Rede Globo, que calculou e publicou uma análise financeira -e um tanto irônica - sobre os ganhos aparentemente milagrosos de Bettina, que chegariam a "157 quintilhões de reais" em 15 anos - o equivalente a 2 milhões de vezes o PIB americano, ou 316 vezes a fortuna de Jeff Bezos, dono da Amazon e o empresário mais rico do mundo, segundo a revista Forbes

Na última terça-feira, até o Procon-SP e o Conar (Conselho de Autorregulamentação Publicitária) entraram no imbróglio. O primeiro, notificando a Empiricus para comprovar a veracidade da multiplicação dos ganhos. O segundo, avaliando entrar com processo contra possíveis abusos na campanha, que induziriam o consumidor ao erro.  

Bettina reapareceu para explicar melhor a questão, a Empiricus afirma que ainda não foi notificada e a vida segue, aguardando os próximos capítulos. Mas eis que surge uma nova pergunta: é possível conquistar o primeiro milhão fazendo um aporte inicial tão pequeno, como ela havia anunciado?

Inclusive para um pequeno empreendedor que, além de sua retirada, ou pro-labore, precisa manter o capital de giro em dia para fazer os negócios andarem? A resposta, de novo, é "sim", segundo o professor Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro e especialista em investimentos do banco Ourinvest. 

Para reforçar essa ideia do "milhão possível", há até uma ampla gama de livros com dicas para quem quer entrar nesse clube já um pouco menos seleto - como "A Receita do Bolo", do próprio Calil, e "O seu primeiro milhão", do português Pedro Carrilho, especialista em finanças, adaptado à realidade brasileira. 

Mas, segundo o professor, não tem mágica para chegar a uma cifra dessas. "Juntar dinheiro depende de planejamento, aportes mensais e muita, muita disciplina", afirma, ao citar os 52 novos milionários que se formaram com ajuda da Academia do Dinheiro em 2018, com aportes iniciais e tempo de investimentos variados.

"Teve gente que começou com R$ 500 mil e conseguiu essa cifra em quatro anos, e teve gente que começou do zero e levou oito", conta. "Mas a questão principal é: como você vai investir para chegar a esse milhão."  

Dos investimentos mais conservadores aos mais arrojados, o professor Calil mostra, a partir de hoje, a pedido do Diário do Comércio, cinco maneiras de poupar e quanto tempo, leva, na prática, para virar milionário com um investimento inicial de apenas R$ 1.520 - a mesma cifra usada por Bettina, a mais nova celebridade da internet.

QUANTO MENOS RISCO, MELHOR 

A poupança é um dos investimentos ainda mais populares entre os brasileiros. Espécie de porta de entrada para o mundo das finanças, ela se diferencia dos demais por ser isenta de impostos, taxas de administração e ter o resgate fácil. Outra vantagem é risco quase zero, já que os depósitos vão para o crédito imobiliário. O imóvel é a garantia. 

Atrelada ao rendimento da Selic, a poupança sofre cortes no rendimento sempre que a taxa ficar menor que 8,5% ao ano - e hoje, ela está em 6,5%, o menor patamar histórico. Mas, mesmo com a baixa rentabilidade - em torno de 4,55% ao ano, mais taxa referencial, dá para alcançar o milhão fazendo religiosamente os depósitos mensais na "caderneta". "É possível. Mas só vai demorar mais tempo", afirma Mauro Calil.

Fonte: Diário do Comercio

 
ver todas as notícias