Investimentos em melhora da produtividade têm sido foco dos pequenos e médios empresários do País, como forma de se prepararem não só para a retomada do crescimento econômico, como também para a tendência de maior abertura comercial do Brasil.

É o que conclui o professor do Insper, Gino Olivares, com base nos dados do Índice de Confiança dos Pequenos e Médios Negócios (IC-PMN), medido pela instituição com apoio do Santander. O indicador, que mede as expectativas das empresas para cada período, chegou a avançar 2,6% para o terceiro trimestre de 2019, devolvendo a queda no mesmo patamar (-2,6%) registrada no segundo trimestre.

Essa recuperação veio acompanhada de uma perspectiva mais positiva para os investimentos. Questionados sobre quais os focos de alocação de recursos, os pequenos empresários responderam que seriam divulgação (23%), capacitação de pessoal (22%) e infraestrutura (22%), como compra de equipamentos e reformas. Com menos porcentagem, está a expansão de negócios (14%), como da planta produtiva, sendo que outros 18% responderam que não farão nenhum investimento.

“A despeito da economia não ter ainda dado sinais robustos de recuperação, investir em funcionários e em infraestrutura indica que as empresas estão com o intuito de melhorar a produtividade, algo que não foi feito no último ciclo de crescimento do País”, comenta Olivares. Ele pontua que, antes da crise, a grande oferta de trabalho e o baixo nível de desemprego permitiram com que as pessoas trocassem de emprego com muita facilidade.

“A alta rotatividade foi um desestimulador para as empresas investirem em pessoal. Porém, a implementação da reforma trabalhista, por exemplo, reduziu os incentivos para o trabalhador pular de galho em galho”, diz Olivares.

Abertura comercial

A análise por setor mostra que a capacitação dos funcionários (28,8%) tem sido o investimento principal da indústria, seguido da infraestrutura (26,4%). “Isso está relacionado com o fato de que a indústria nacional tem estado mais consciente de que a abertura comercial vai acontecer. A discussão atual não é mais se haverá ou não abertura, mas, sim, em que condições ela irá se dar”, afirma o professor.

Já nos dados dos serviços, prevaleceram os investimentos em capacitação de pessoas (24,1%) e divulgação (22,2%), como em publicidade e mídia, enquanto no comércio a estratégia de divulgação (25,4%) ficou em primeiro, seguida da infraestrutura (20%).