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TRIBUTÁRIO - BC reduz a Selic para 6%, menor patamar histórico



O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu cortar ontem, por unanimidade, a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual, levando-a para um patamar de 6,00% ao ano, a menor da história do País.

A taxa ficou estagnada em 6,50% durante 16 meses. Até ontem, a maioria dos analistas do mercado financeiro se dividia entre um corte de 0,25 ou de 0,50 ponto. Uma das mudanças ocorridas no comunicado do Copom, entre a reunião de junho para a de ontem, é que o BC passou a admitir que houve avanços nas reformas fiscais.

“O Copom reconhece que o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira tem avançado, mas enfatiza que a continuidade desse processo é essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia”, destacou o BC.

A autoridade monetária ressaltou também que pode realizar cortes adicionais, porém não especificou se isso deverá ocorrer já na próxima reunião, nos dias 17 e 18 de setembro de 2019.

“O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo. O Copom enfatiza que a comunicação dessa avaliação não restringe sua próxima decisão”, esclarece.

Além disso, o BC ressaltou que indicadores recentes da atividade econômica sugerem possibilidade de retomada do processo de recuperação da economia brasileira.

O economista do Santander Brasil, Jankiel Santos, afirma que a aprovação da reforma da Previdência Social em primeiro turno, na Câmara dos Deputados, contribuiu para uma diminuição dos riscos de alta inflacionária para 2020 (os movimentos de política monetária têm uma defasagem e tudo o que o BC fizer agora só terá efeito no ano que vem).

“Com a diminuição da possibilidade de frustração com relação às reformas, o BC entende que poderá estimular a economia sem prejudicar as metas de inflação”, diz Santos. A meta de inflação para 2020 é de 4,00%. A projeção do Santander é que a Selic feche 2019 em 5,25%. Já previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, inflação oficial do País) é de alta de 3,9% em 2019 e de 4,00% em 2020.

Patricia Pereira, economista da Mongeral Aegon Investimentos, acrescenta que há um cenário de discussão de reformas que se estende para além da Previdência, como as propostas de mudança do sistema tributário e o programa de privatizações. Para ela, esse ambiente também pode ter colaborado para a decisão do BC.

“As reformas que estão sendo debatidas criam um ambiente favorável para que o Brasil tenha uma taxa de juros estrutural mais baixa e mais equilibrada. Ou seja, um juro que não gere pressão inflacionária e nem deflação”, comenta a economista da Mongeral.

Redução na ponta

Já Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, avalia que o BC podia ter esperado avanços mais concretos na tramitação da Previdência, antes de cortar juros. “Só foi 25% [do trâmite]”, afirma. Para ele, resta saber, agora, se a diminuição da Selic irá se reverberar para o consumidor na ponta. “A taxa de juros saiu de 14,25% para 6,50%, mas o custo do crédito na ponta não diminuiu na mesma medida”, critica.

Em seu balanço de riscos inflacionários, o BC também considera a atividade econômica e o setor externo. Por ainda estar muito fraca, a atividade tem colaborado, na verdade, para uma manutenção dos índices de preços em patamares mais baixos.

Já com relação ao cenário externo, a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) de também cortar a sua taxa de juros ontem (em 0,25 ponto), diminuiu os riscos para os emergentes. A taxa referencial do banco caiu para 2% a 2,25%. Esse cenário gera mais atratividade para os títulos brasileiros, podendo reduzir o câmbio.

Fonte: DCI

 
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