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ECONOMIA - Nos EUA, mais de 50% das vendas de eletrônicos já são pela internet



Após mais de um ano de pandemia do novo coronavírus, pesquisas revelam mudanças nos hábitos de consumo na maior economia do mundo, os Estados Unidos.

Jason Goldberg, consultor de varejo e diretor da Publicis, destaca o avanço expressivo do e-commerce em poucos meses.

No país em que as máscaras já começam a não ser mais obrigatórias, mais de 50% das vendas de produtos eletrônicos, diz ele, acontecem pela internet.

Antes da pandemia, o comércio eletrônico representava menos de 3% das vendas totais de alimentos no país. Este número agora está próximo de 10%.

De 2010 a 2018, de acordo com ele, o e-commerce em geral cresceu 12% ao ano nos EUA. Em 2019, 15% e, em 2020, 25,1%.

Todos esses números eram projetados para daqui cinco anos ou mais. “A covid-19 acelerou as tendências de varejo”, diz ele.

VESTUÁRIO

Ao mesmo tempo em que estão usando cada vez mais a internet para fazer compras, os norte-americanos estão reduzindo o consumo de roupas e calçados.

Na década de 90, as compras de peças do vestuário representavam 8% dos gastos totais dos consumidores. Hoje, 4%, de acordo com o consultor.

Essa mudança nas prioridades de compras dos norte-americanos, que ocorre desde antes da pandemia, levaram grandes lojas de departamento à falência.

Ele cita como exemplos as redes Sears e JC Penney, duas das mais conhecidas.

Outra das mais tradicionais lojas de departamento dos EUA, a Macy´s, está em processo de fechamento de centenas de lojas em todo o país.

“Mais de 50% de todas as lojas de departamentos em shoppings devem fechar neste ano, causando o fechamento de 20% dos shoppings no país em cinco anos”, afirma.

Vale lembrar, diz ele, que os EUA estão abarrotados de shoppings.

A conta é a seguinte: 1,4 metro quadrado por pessoa. Na Europa, o número é bem menor, 0,37 metro quadrado per capita.

“Os shoppings regionais, em particular, foram superdimensionados nos Estados Unidos, e agora estão passando por uma crise significativa.”

A maioria dos shoppings, diz ele, se baseava no tráfego de pedestres que iam às lojas de departamento para comprar roupas, artigos que perderam força de vendas.

Apesar do tombo das lojas de departamento, que não é de hoje, para o consultor, as previsões apocalíticas de fechamento de lojas devido à pandemia foram exageradas.

No caso de redes, de acordo com levantamento da Coresight Research, 8.741 lojas fecharam as portas nos EUA no ano passado e outras 3.304 lojas foram abertas.

Em 2019, o número de fechamento de lojas tinha sido ainda maior, 9.300.

Empresas maiores e com acesso a capital acabaram levando vantagem, diz ele, sobretudo as que focaram no fluxo de caixa e evitaram altos endividamentos.

“Agilidade e velocidade se tornaram os traços corporativos mais valiosos na pandemia. Decisões que costumavam levar meses passaram a ser tomadas em dias.”

De acordo com ele, não existe dados confiáveis sobre o desempenho de varejistas independentes, que foram, certamente, os mais afetados pela pandemia.

“A pandemia afetou desproporcionalmente pequenos varejistas independentes, que tinham menos acesso ao capital e fizeram menos investimentos no meio digital.”

Os varejistas especializados, com sortimento de produtos mais restritos, perderam para os que vendem bens essenciais e sortimentos maiores e ainda por delivery.

A injeção de US$ 1,9 trilhão do governo de Joe Biden para estimular a economia teve impacto imediato no varejo norte-americano, de acordo com Goldberg.

“Ao mesmo tempo, como os maiores empregadores dos EUA (quase 16 milhões de pessoas), os varejistas estão cautelosos com a proposta de Biden de elevar o salário mínimo.”

O varejo norte-americano vendeu US$ 5,6 trilhões em 2020, o que representou 27% do PIB (Produto Interno Bruto) do país e um crescimento de 3,4% sobre 2019.

A rede Walmart é a maior empregadora dos EUA, seguida pela Amazon, de acordo com Goldberg.

A ruptura digital do varejo, diz ele, significa que o caminho para a compra está sendo desagregado, mas lembra que algumas etapas do processo de compra ocorrem na loja.

“Portanto, o resultado é que o tijolo e a argamassa desempenharão um papel muito diferente, mas ainda importante no futuro do varejo.”

 

Fonte: Diário do Comércio

 
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